sexta-feira, 22 de maio de 2009

OS RISCOS DA LEITURA

Á uns anos a trás óvi dezer:

É pá tens de ler mais pra ficar mais culto,aprender coisas.
Disque as as gajas gostam.

Então,na minha ingenuidade,pus me a ler que nem um doido.
Devo confessar que tava a gostar,era capaz de devorar um livro em duas noites.
Ele eram jornais,tipo publico,revistas do tipo cientificas até á Maria,era um gajo muito informado.

UM ás no dom da palavra,não havia tema que me escapasse.

Cheguei a um ponto ao qual já ninguém falava pra mim.
Intimidava as pessoas....

Que merda,tinha-me tornado demasiado culto.


Quem me tinha dito aquilo,tava errado..

Tive de corrigir o problema......

SOLUÇÃO:


A partir desse dia,comecei a devorar só revistas Maria e afins,noticias da TVI,assim como as suas novelas maravilha.
A beber copos de vinho rásca em tascas ainda piores.
A falar de putas,como se fosse frequentador assíduo.
Mandar bitáites sobre futebol.
Falar mal do governo,como se ele fosse o culpado de todos os males.
Comentar a potencia dos carros e rogar pragas pelo TUNNING não ser legal.
Cossar os tomates á porta da tasca e escarrar pró chão.
Tomar banho,só ao sábado.


A VIDA MUDOU

Hoje todos falam comigo.



CONCLUSÃO

Ser parvo é o melhor pa ser aceite nesta sociedade.

Como é que esta merda -de andar prá frente?

A partir desse dia as minhas companhias femeninas começarm a ser muito mais ambundantes.


Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)


OPIÁRIO


Ao Senhor Mário&de&Sá-Carneiro

.......

Por isso eu tomo ópio. É um remédio.
Sou um convalescente do Momento.
Moro no rés-do-chão do pensamento
E ver passar a Vida faz-me tédio.

........

1914, Março.
No Canal de Suez, a bordo.
(publicado no Orpheu, nº 1, 1915)

2 comentários:

  1. Liberdade

    Ai que prazer
    Não cumprir um dever,
    Ter um livro para ler
    E não o fazer!
    Ler é maçada,
    Estudar é nada.
    O sol doira
    Sem literatura.

    O rio corre, bem ou mal,
    Sem edição original.
    E a brisa, essa,
    De tão naturalmente matinal,
    Como tem tempo não tem pressa...

    Livros são papéis pintados com tinta.
    Estudar é uma coisa em que está indistinta
    A distinção entre nada e coisa nenhuma.

    Quanto é melhor, quando há bruma,
    Esperar por D. Sebastião,
    Quer venha ou não!

    Grande é a poesia, a bondade e as danças...
    Mas o melhor do mundo são as crianças,
    Flores, música, o luar, e o sol, que peca
    Só quando, em vez de criar, seca.

    O mais do que isto
    É Jesus Cristo,
    Que não sabia nada de finanças
    Nem consta que tivesse biblioteca...


    Fernando Pessoa

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  2. tanta propaganda ao teu blog no messenger...mas nunca mais escreveste nada...Vaaaaa, o povo precisa de ler as tuas sábias palavras...

    Nandinho

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